A IMPORTÂNCIA DA ORAÇÃO NA VIDA DO CRENTE
TEXTO ÁUREO = “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que esta oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará (Mt 6.6).
VERDADE PRÁTICA = A oração do crente não tem como propósito atrair a atenção dos homens, mas é o meio por excelência de seu encontro pessoal com Deus.
LEITURA EM CLASSE = MATEUS 6.5-13
INTRODUÇÃO
A Bíblia inteira exorta o crente à oração. Sem esse recurso valioso e indispensável à vitória contra o mal, é impossível o crente e a igreja resistirem às investidas das heresias. Há lugares em que igrejas se dividem perdendo membros para seitas e movimentos estranhos que se apresentam com feição de cristã, de avivalismo e de aparente santidade. Só com muita oração intercessória, sabedoria divina e estudo da Palavra de Deus é que o erro pode ser exposto e repelido.
I. APRENDENDO O VALOR DA ORAÇÃO
1. Aprendendo com os heróis da fé. Os heróis descritos em Hebreus 11 exercitaram sua fé através da oração. Não só eles, mas outros personagens da Bíblia tiveram igual experiência. Abraão subiu ao monte Moriá, para o sacrifício de Isaque, porque seu nível de comunhão com Deus através da oração era tal que ele sabia tratar-se de uma prova de sua fé. Confira Gn 22.5,8. É o exemplo da oração que persevera e confia. Enoque vivenciou a oração de maneira tão intensa que a Bíblia o denomina como aquele que andava com Deus. Ver Gn 5.21-24. É o exemplo da oração em todo o tempo. Moisés trocou a honra e a opulência dos palácios egípcios porque teve o privilégio de falar com o Senhor face a face e com ele manter íntima comunhão por toda a vida. Ver Êx 3.1-22; 4.1-17. É o exemplo da oração que muda as circunstâncias. Entre os profetas destaca-se, Elias, cujo exemplo Tiago aproveita para ‘ensinar que o crente, sujeito às mesmas fraquezas, pode manter a mesma postura do profeta diante de Deus. Ver Tg 5.17,18. É o exemplo da oração que supera as deficiências humanas.
Esse heróis são as testemunhas mencionadas em Hb 12.1. Ou sej a, se eles, que não viveram na dispensação do Espírito Santo, tiveram condições de viver de modo tão intenso na presença de Deus, quanto mais o crente, hoje, que conta com o auxílio permanente e direto do Espírito Santo, movendo-o para uma vida de oração. Este é o cerne do ensino que o novo crente precisa receber. Ele necessita, deve e pode ter a mesma vida de oração que os santos da Bíblia e tantos outros que a história eclesiástica registra, como George Mulier, João Hide, Lutero e Maria Slessor.
2. Aprendendo com Jesus. O maior exemplo de oração, no entanto, foi o próprio Mestre. Sendo ele o Filho de Deus, cujos atributos divinos lhe asseguravam o direito de agir sobrenaturalmente, poderia dispensar a oração como prática regular de sua vida. No entanto, ao humanizar-se, esvaziou-se de todas as prerrogativas da divindade e assumiu em a natureza humana (ver Fp 2.5-8) experimentando todas as circunstâncias inerentes ao homem, inclusive a tentação. Ver Hb 4.15; compare Mt 4.1-11. Ora, isto significa que o Senhor dependeu tanto da oração como qualquer outra pessoa que se proponha a servir integralmente a Deus. Ela foi o instrumento pelo qual pôde suportar as afrontas, não dar lugar ao pecado, tomar sobre si o peso da cruz e vencer o maligno. Confira Mt 26.36-46.
Os evangelhos registram a vida de oração do Mestre. Ele orava pela manhã(Mc 1.35),à tarde (Mt 14.23) e passava noites inteiras em comunhão com Deus (Lc 6.12). Se ele viveu esse tipo de experiência 24 horas por dia, de igual modo Deus espera a mesma atitude de cada crente. Não apenas uns poucos minutos, com palavras rebuscadas de falsa espiritualidade, para receber as honras do homem, mas em todo o tempo, como oferta de um coração que se dispõe a permanecer humildemente no altar da oração.
II. A NECESSIDADE DA ORAÇÃO NA VIDA DO CRENTE
1. A definição teológica de oração. A oração não é algo formal, para atrair a atenção dos homens, como faziam os fariseus, e por isso foram condenados (v. 5). Eles estavam acostumados a orar formalmente 18 vezes ao dia, segundo as leis herdadas dos antepassados, e observavam com rigor pontual os horários destinados à oração, onde quer que estivessem. Por isso, com freqüência eram obrigados a orar em público, e os judeus, admirados, sempre os surpreendiam em sua prática nas esquinas das ruas. A oração passou a ter, então, caráter de mero ritualismo sem consistência espiritual, onde o que contava era a exterioridade sofisticada de palavras vazias para receber o louvor humano.
A oração também não é como a reza, uma repetição interminável de enunciados que não traduzem os sentimentos do coração (v. 7). Este era o costume dos gentios, adeptos das religiões politeístas, que horas a fio repetiam mecanicamente as mesmas palavras diante dos deuses, o que mereceu a veemente reprovação do Senhor Jesus, pois o mesmo estava ocorrendo com os praticantes da religião judaica.
Afinal, o que é oração? A melhor definição encontra-se, é óbvio, na Bíblia. Nenhum conceito teológico expressa com a mesma clareza e simplicidade o que ela significa. A oração é, segundo as Escrituras, uma via de mão dupla através da qual o crente, com seu clamor, chega à presença de Deus, e este vem ao seu encontro, com as respostas. Ver Jr 33.3.
A oração é fruto espontâneo da consciência de um relacionamento pessoal com o Todo-poderoso, onde não há espaço para monólogo, pois quem ora não apenas fala, mas também precisa estar disposto a ouvir. É um diálogo onde o crente aprofunda sua comunhão com Deus e ambos conversam numa linguagem que tem como intérprete o Espírito Santo. Ver Rm 8.26,27.
2. A ênfase da Bíblia para a oração. A Bíblia é o livro da oração. Suas páginas evocam grandes momentos da história humana que foram vividos em oração. Compare Js 10.12-15; 2 Rs 6.17. Desde o seu primeiro livro, Gênesis, até o Apocalipse, fica claro que orar é parte da natureza espiritual do ser humano, assim como a nutrição é parte do seu sistema fisiológico. Os grandes fatos escatológicos, como previstos no último livro da Bíblia, serão resultado das orações dos santos, que clamam a Deus ao longo dos séculos pelo pleno cumprimento de sua justiça. Ver Ap 5.8; 8.3,4.
Orar não pode ser visto como ato de penitência para meramente subjugar a carne. Em nenhum momento a Bíblia traz esta ênfase. Oração não é castigo (assim como a leitura das Escrituras), idéia que alguns pais equivocadamente passam para os filhos, quando os ordena a orar como disciplina por alguma desobediência. Eles acabam criando verdadeira repulsa à vida de oração, desconhecendo o verdadeiro valor que ela representa para as suas vidas, por terem aprendido pela prática a reconhecê-la apenas como meio de castigo pessoal. Ao contrário, se aprenderem que orar é ato que eleva o espírito e brota de maneira espontânea do coração consciente de sua indispensabilidade, como ensina a Bíblia, saberão cultivar a oração como exercício de profunda amizade com Deus que resulta em crescimento espiritual. Ver Cl 1.9. De igual modo, o mesmo acontecerá com o novo crente.
III. VIVENDO UMA VIDA DE ORAÇÃO
1. Como orar. A oração modelo, registrada em Mt 6.9-13, não é simplesmente uma fórmula para ser repetida. Se assim fosse, o Mestre não teria condenado as “vãs repetições” dos gentios. Seria uma incongruência. O seu propósito é revelar os pontos principais que dão forma ao conteúdo da oração cristã. Ela não é uma oração universal, para toda a humanidade, mas se destina exclusivamente àqueles que podem reconhecer a Deus como Pai por intermédio de Jesus Cristo.
A oração do crente, sincera e completa em seu objetivo, traz em si estes aspectos:
A) Reconhecimento da soberania divina (Pai nosso que estás nos céus).
B) Reconhecimento da santidade divina (Santificado seja o teu nome).
C) Reconhecimento da vinda do reino no presente e sua implantação no futuro (Venha o teu reino).
D) Submissão sincera à vontade divina (Seja feita a tua vontade)
E) Reconhecimento que Deus supre as necessidades pessoais (O pão nosso de cada dia).
F) Disposição de perdoar para receber perdão (Perdoa as nossas dívidas.., como perdoamos).
G) Proteção contra a tentação e as ações malígnas (Não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal).
H) Desprendimento para adorar a Deus em sua glória (Teu é o reino, e o poder, e a glória).
2. Onde e quando orar. Em princípio, o crente deve orar em todo o tempo. Ver 1 Ts 5.17; Ff6.18. É um estado permanente de comunhão com Deus, onde o seu pensar está li- gado às coisas que são de cima. Ver Cl 3.2. E uma condição que não dá lugar para ser atingido pelos dardos inflamados do inimigo, pois seu espírito está sempre alerta, através da oração. Ele deve, no entanto, ter momento específicos de oração pela manhã, à tarde ou à noite, como fez Jesus. Orações públicas, como as que se fazem nos cultos, são também uma prática bíblica, desde que não repitam o formalismo, a exterioridade e a opulência dos fariseus. O Senhor Jesus mesmo, por diversas vezes, orou publicamente. Ver J0 11.41,42.
Todavia, o lugar onde se mede a intensidade da comunhão do crente com Deus é no seu “lugar secreto” (v. 6) para estar a sós com o Senhor. É ali, sozinho, com as portas fechadas para as coisas que o cercam e abertas para o Senhor, que ele de fato revela se a oração é para si mera formalidade ou meio que o conduz à presença de Deus para um diálogo íntimo, pessoal e restaurador com aquele que deseja estar lado a lado com seus filhos. “A menos que exista tal lugar, a oração pessoal não se manterá por muito tempo nem de maneira persistente” (Bíblia de Estudo Pentecostal). Este é o ensino que a Igreja deve dar ao novo crente.
IV. O CRENTE DEVE TER UMA VIDA EM ORAÇÃO
COLOSSENSES 4.2-6
1. Orando com perseverança (4.2a). “Perseverar tem o sentido de dedicar-se, apegar-se, continuar firme; o que subentende desvelada persistência, fervor e apego à oração” (BEP). A oração faz parte da vida devocional do crente em Jesus, ao lado da leitura da Bíblia e do louvor sincero. Ela deve ocupar um lugar especial em nossa vida diária com Deus. A experiência demonstra que orar, no sentido estrito e pleno desta palavra, não é fácil. O adversário do crente e da Igreja sempre engendra um meio para impedir a oração. Ele sabe que, na vida diária de oração, está o segredo do sucesso pessoal, e também da igreja no sentido coletivo. Davi era homem de oração como vemos em Sl 55.17; 5.2,3; 119. 62,147, 164.
A questão não é apenas orar, mas orar constantemente. Orar não somente muda as coisas, mas também muda o crente. Se você não apenas precisa, mas quer mudar, ore mais e jejue também, se puder.
Jesus orou com agonia de alma, vezes seguidas no Getsêmani, diante da extremamente dolorosa missão que deveria cumprir (Mt 26.44a).
Diz a Bíblia: Orai sem cessar” (1 Ts 5.17). Uma das razões para o extraordinário crescimento da igreja em quantidade e qualidade, em seus primórdios, foi a vida de oração dos crentes. Eles “perseveravam... nas orações” (At 2.42).
2. Velando na oração (4.2b). No texto bíblico em estudo, temos o imperativo divino: “Perseverai em oração, velando nela com ação de graças”. O termo velar, no original, significa “estar vigilante”, “estar alerta”. Como faz a sentinela no seu posto. “Velando nela” quer dizer estar alerta durante o período de oração, por causa dos ardis do Inimigo contra a oração. Também significa estar alerta na vida de oração. Em diversas referências, a Bíblia chama a atenção para o valor da vigilância e da oração, como em 1 Pe 4.7, “vigiai em oração”. Ë preciso vigiar para que o Diabo não nos trague (1 Pe 5.8). Em Efésios, está escrito “orando em todo tempo... e vigiando nisso com toda perseverança” (Ef 6.18).
3. Orando com ação de graças (4.2b). Um terceiro elemento importante na oração, além da perseverança e vigilância, é a ação de graças. De fato, nós temos muito mais a agradecer a Deus do que a lhe pedir. E Deus nos dá muito mais do que pedimos ou pensamos (Ef 3.20). Na prática, porém, o que ocorre é o inverso. Sempre há alguém pedindo mais do que agradecendo a Deus. Na epístola de Paulo aos Colossenses, há sete referências a “ação de graças” (1.3,12; 2.7; 3.15-17) e cada uma delas contém uma lição.